segunda-feira, outubro 01, 2007

CRÔNICA DE DOMINGO

A SOLIDÃO

VALDEZ JUVAL


Escrevi há algum tempo que gosto da solidão porque tenho mais tempo para conversar comigo.

Hoje tenho uma nova concepção do tempo e do isolamento.

Os anos se passaram e já agora, apesar de não ter me sentido só em qualquer instante, alquebro-me com o peso nos ombros, o cansaço da vida e a velhice chegando.

Nesta semana, em minha caminhada matinal, encontro Walmira com W como ela fez questão de se apresentar.

Pensem em uma senhora não virtual, com seus 64 anos, estatura baixa, delgada e físico de menina-moça.

Estava procurando uns parentes que sempre lhes fazia companhia nas andanças da beira mar. Culpava-se do desencontro pois se atrasara naquela manhã.

Falou da vida e quase que descreveu todo o seu passado. Ela sim, mostrou como era conviver com a solidão.

Perdera a filha, já formada, no seu pleno esplendor, há pouco mais de um ano. Ficara só pois era divorciada. E sozinha tem vivido.

Assim mesmo não tinha muito do que se queixar. Sexo?

Não era problema. De vez em quando selecionava a companhia e tinha quem lhe cheirasse o “cangote”, beijasse seus lábios, mamasse nas suas tetas e acariciasse a sua ...

Era prazer, gozo, sem necessidade de compromisso e a realização do ato. Depois, ficava só mas seria apenas pelo tempo que necessitasse.

Sexo atualmente quase não é praticado pelos jovens e os mais idosos, geralmente, não têm condições de faze-lo, disse ela.

Apesar de todo o seu entusiasmo não deixava de falar que gostaria de encontrar alguém para um novo casamento. Importava-se porém com a escolha, pois, embora não questionasse a idade, queria um companheiro que soubesse amar.

Afinal, Walmira poderia ser considerada uma criatura que se preocupava com o insulamento?

Para concluir, não formo opinião. Cada pessoa faz o seu entendimento.

Pelo que me lembre, Francis Bacon disse que “A pior solidão é não ter amizades verdadeiras”.

Já Henri David Thoreau escreveu que “Jamais encontrei companheiro que me fosse mais companheiro que a solidão.”

”A solidão é a sorte de todos os espíritos excepcionais”, disse Arthur Schopenhauer e Henri Lacordaire afirma: “É a solidão que inspira os poetas, cria os artistas e anima o gênio”.

Será que a solidão deve ser tão exaltada assim? E o amanhã?


Valdez Juval da Silva é Promotor Público da Paraíba e um dos fundadores do Teatro do Estudante da Paraíba.
valdez_juval@hotmail.com

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