domingo, janeiro 02, 2011

Fim de semana e celulares

Estava eu posto em sossego quando me aparece na telinha uma mensagem com o seguinte título: "Lembra de mim?" Imediatamente me reportei à canção do Ivan Lins e esse Lins do Ivan me deu bússola e compasso. Era ela, a minha amiga de priscas eras, desaparecida já fazia uma data. Beijinhos pra cá e pra lá, papos em dia, resolvemos que ela colaboraria com o Blog mas com uma condição: usando pseudônimo, (tenho vergonha). Aos reaparecidos tudo e mais alguma coisa. Esta é a sua primeira contribuição. Bem-vinda ao clube. HC

Reila

Casa de um amigo, final de semana. O sol quente, deixava bem tépida e convidativa a azul piscina. Sem resistir, mergulhei no azul e fiquei a admirar o magnífico “chorão” que o enche de sombras, flores e cores em violetas e lilases. Curtindo aquelas sensações, penso nas belezas que podemos desfrutar nesse planeta e no calor e reconforto de ter esse amigo que ao longo dos anos tem me proporcionado tantas alegrias. Estou eu, a desfrutar daquela paz e serenidade, quando ouço bem próxima, uma voz a gritar ansiosa, que quer comprar dois, que já vem desbloqueados, insistindo em perguntar se a pessoa vai continuar na fila e sempre reafirmando que quer comprar dois. Aguçada pelo telefonema e pelas vantagens que aquela compra representa, salta outra pessoa e, aos gritos, pede para comprar quatro, que ela também quer dois, já que tem alguém na fila..

Não satisfeita e querendo engrossar aquela lista de compras, vira-se para um colega ao lado e pergunta se ele não quer aproveitar aquela chance (ao mesmo tempo que reafirma as vantagens do produto) enquanto a que está no telefone tenta apressá-los, pois seus bônus estão acabando um certo desconforto e, enfático, o colega assegura que não quer entrar na transação, passando a exibir os quatro? ou cinco? (de onde estou, não da para distinguir bem) aparelhos que possui e explicando porque não quer comprar mais nada: eu já tenho uma mãe e um sobrinho que são OI, um pai que é Tim, e um namorado que é Claro.

Fiquei a matutar sobre aquilo - porque vejam bem: ele não tinha ou possuía celulares; seus parentes é que eram os próprios celulares - buscando entender se uma mãe OI seria uma eterna doadora de bônus, se um bom pai Tim poderia ser acessado diretamente sem passar por tecle 1, 2, 3,, 4 etc, ou se um namorado Claro seria mesmo claro e sempre transparente ainda intrigada com uma minúscula questiúncula (permitam a redundância): e se todos tocassem ao mesmo tempo, a quem ele atenderia primeiro? A mãe Oi, ao pai Tim, ou quem sabe... ao namorado Claro, claro... sorrindo, mergulhei e continuei o meu plácido banho azulado.

Outubro, Itamaracá, 2009

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