Peguei emprestado no BLOGSTRAQUIS do Moacir Japiassu. HC
RANGEL CAVALCANTE
Para onde vai um país em que um em cada três dos seus habitantes recebe dinheiro do governo sem trabalhar? A indagação vem a propósito da declaração
do presidente Luiz Inácio Lula da silva de que legará ao seu sucessor um país em que uma em cada três famílias receberá o benefício da bolsa-família, um universo de 63 milhões de brasileiros. Isso significará o mesmo que sustentar na ociosidade toda a população do Uruguai, Paraguai, Bolívia e ainda a metade dos 40 milhões dos hermanos argentinos.
Nunca na história desse planeta se viu um assistencialismo de tamanha dimensão. Isso significa que dois de cada três brasileiros terão que trabalhar e pagar os impostos mais escorchantes do mundo para sustentar um terceiro que não faz nada.
Ora, o companheiro Raul Castro alertou no ano passado que esse tipo de espécie de cupim que devora os mais elementares princípios da família. Os cubanos, que inventaram a bolsa-família antes de FHC, concluíram que esse tipo de ajuda é um péssimo exemplo para as crianças que vêm os pais ganhando dinheiro do Estado sem fazer nada e assim logo adquirem o vício da ociosidade remunerada. Tanto que as autoridades cubanas decidiram mudar a coisa, depois que uma pesquisa constatou que arranjar um emprego e trabalhar é a sétima prioridade dos jovens do país.
Há anos havia no Brasil as famosas frentes de serviço que socorriam os nordestinos nos períodos de seca. Legiões de homens e mulheres eram alistadas e recebiam dinheiro e comida do governo. Em contrapartida, trabalhavam na construção e recuperação de estradas, açudes e outras obras públicas em toda a região. Mesmo assim eram criticadas por casos de corrupção e por sofrerem a influencia do coronelismo. Essas frentes não viciavam nem humilhavam o cidadão. E nem criavam uma legião de parasitas vivendo em simbiose com os
cofres públicos.
A malha rodoviária do país está em frangalhos. Assim como os portos, as escolas e os hospitais públicos. Acabaram as ferrovias, que a Europa e os Estados Unidos continuam construindo. E as poucas obras viraram o imenso bolo com a qual se banqueteiam as empreiteiras, quase sempre escolhidas por processos viciados. Está na hora de o governo repensar esse assistencialismo demagógico. Vamos dar dinheiro e comida a quem necessita. Mas em troca de algum trabalho.
O Brasil precisa disso. Do contrário já se pode vislumbrar muito bem para onde um país em que grande parte de seus habitantes esquece aquilo que o companheiro Raul Castro chamou - repetimos - de necessidade vital de trabalhar. E o maior risco é o de nos transformarmos pelo voto numa ditadura democrática como a do companheiro Hugo Chávez.
Um comentário:
Quando eu era rico e gozava de boa saúde, costumava freqüentar um restaurante aqui no Pina, Recife que servia um rodízio de camarão à preço de bananas. Até fiz amizade com alguns garçons, especialmente o Honório, pessoa cortês e obsequiosa. Outro dia me aventurei à uma visita e perguntei pelo Honório. Resposta:
- "Ah, professor, a mulher dele arrumou uma Bolsa-Família e agora ele fica em casa no bem bom!" Pode? Pode! Hugão
Postar um comentário