segunda-feira, janeiro 04, 2010

O QUE OS OLHOS NÃO VÊEM O CORAÇÃO NÃO SENTE

A propósito do texto postado no blog do Hugão, originado de nossa conterrânea Fábia, aqui estão alguns comentários do responsável pelo blog www.ecologiaemfoco.blogspot.com.

Breno Grisi

O QUE OS OLHOS NÃO VÊEM O CORAÇÃO NÃO SENTE. Em que pese a idade deste aforismo... ele ainda permanece válido, principalmente nos dias de hoje! A manipulação, pelos atores decisivos da sociedade, das questões de maior repercussão no mundo político-econômico solapa o bom senso dos sensatos. E assim o Brasil vem se destacando no mundo financeiro (pelo equilíbrio nas contas), no controle do aquecimento global (por oferecer o maior potencial florestal do mundo às bolsas do carbono), no esporte mundial (como sede para duas competições de destaque), como país das oportunidades (porque um torneiro mecânico tornou-se Presidente, duas vezes), no cenário do turismo internacional (mais pelas belezas naturais do que pela sua infraestrutura)... e alguns outros destaques, que levam a quem está longe dos acontecimentos dizer (com toda inocência e boa intenção): "that´s the man", e o Brasil “é o país” da atualidade. Um jornal de um país que é forte candidato a fechar um grande negócio com o Brasil (aviões militares), de cujo Presidente o nosso “o cara” tornou-se amigo, elegeu esse “cara” o homem do ano!!!

Imaginem caros amigos leitores se te pusessem num avião para sobrevoar a Amazônia em busca de avaliações sobre os boatos de sua devastação. Veria o observador: pastagens imensas, toda verde (se no período das chuvas), muito gado pastando (já somos os maiores produtores mundiais de carne bovina), rios (ainda caudolosos, se durante as chuvas), uma cidade de porte magnífico, Manaus. Mas se o observador fosse dar uma caminhada nessa paisagem impressionante, principalmente no período seco, veria a realidade. Rios que transbordaram durante as chuvas estão agora, em dezembro, secos; as pastagens precisam ser queimadas para rebrotarem e se manterem produtivas por apenas dez ou onze anos; e a bela cidade de Manaus igualzinha a todas as outras capitais e grandes cidades brasileiras: na periferia, infraestrutura praticamente inexistente, de esgotos, água pura, energia elétrica (qualquer chuva forte, típica dos trópicos transforma a vida dos periféricos numa tragédia); sistema de saúde precaríssimo, sem medicamentos, escolas públicas desestruturadas (como todo o nosso sistema educacional), deseducação e ignorância prevalecendo em todos os segmentos da sociedade... e tantas outras mazelas. É claro que em assim sendo, não é difícil equilibrar as finanças.

Acrescentem-se a isso tudo a corrupção nos três poderes, um Presidente que diz "não saber de nada" que seus comandados fazem de errado, um eleitorado que reelege político corrupto; e falência do poder público em manter o equilíbrio necessário à boa qualidade de vida, principalmente nas metrópoles. Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Recife... com baixa qualidade de vida, precariedade nos sistemas de saúde, segurança, transporte, educação... enfim um caos disfarçado pelas estatísticas de melhorias tais como: a classe de miseráveis vem sendo promovida à classe pobre, o desemprego é o menor do ano (é claro, graças às festas natalinas), o Brasil melhorou sua posição no ranking mundial da corrupção (no índice de percepção da corrupção, entre 168 países, agora ocupa a septuagésima posição). Nas Universidades, centro vital da formação de profissionais, sentem-se os desmazelos: proliferação de faculdades pagou-passou, alunos caçadores de diplomas, exame nacional do ensino médio introduzido para melhorar e democratizar o sistema, comprometido (provavelmente por boicote de interessados em manter o sistema antigo)...enfim, um futuro muito pouco promissor em termos de profissionais bem qualificados a servir à sociedade.

Feliz Ano Novo. Este sim, precisa realmente ser novo. (BG)

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