domingo, janeiro 10, 2010
“Eles não têm mais vinho”
MARCUS ARANHA
Conta o Evangelho que Jesus, Maria e os apóstolos foram a um casamento em Caná, na Galiléia.
No meio da festa o vinho acabou, Maria procura Jesus e diz num tom de apelo ao filho: “Eles não têm mais vinho”. Acabar a bebida durante um casamento era visto como um escândalo, seria uma desonra para os noivos e o fim da festa.
Em seis potes de água que serviam para que os convidados procedessem aos rituais de purificação, segundo o costume hebraico, Jesus ordenou que fosse colocada água até à borda. Em seguida, mandou os serventes que os levassem até os convivas. A água havia-se convertido em vinho e a galera convidada pode continuar a encher a cara..
Da leitura do texto de João depreendo que se vinho fosse coisa ruim Jesus não teria feito um milagre para produzi-lo. E palavra vinho figura 521 vezes na Bíblia. E mais: na última ceia Jesus serviu vinho aos apóstolos.
A bebida é antiquíssima pois as primeiras vinhas foram cultivadas desde o sexto milênio antes de Cristo, nas encostas do Cáucaso, antes das civilizações egípcia, sumeriana e grega. Desde esses tempos o vinho é reconhecido como bebida saudável.
A ciência moderna encarrega-se de esclarecer o fato. No processo de fermentação das uvas, a casca delas libera substancias conhecidas como compostos fenólicos. Entre eles, notadamente no vinho tinto, há um agente antioxidante denominado resveratrol, que comprovadamente diminui a mortalidade, fazendo viver mais.
“Para viver mais, é preciso comer menos”. Este é um conceito clássico defendido pelos cientistas estudiosos dos fatores que influenciam a longevidade dos seres vivos. Quanto mais gordura ingerida, menos vida vivida. A restrição calórica tem papel preponderante na longevidade.
A denominada “dieta mediterrânea” é tida como prolongadora da vida: pouca carne vermelha, azeite de oliva e poucos laticínios; peixe, muitos vegetais, frutas, nozes, legumes e cereais. E o principal: consumir diária e moderadamente o vinho tinto.
Um estudo publicado no “British Medical Journal” provou que o consumo moderado e regular do vinho tinto é o item que mais contribui para redução da mortalidade (26%), em comparação com os outros itens da dieta mediterrânea.
Na França, a população usa uma dieta rica em gordura e, mesmo assim, apresenta 40% menos ataques cardíacos que os americanos, altos consumidores de alimentos gordurosos. Os epidemiologistas costumam citar o fato denominando-o “paradoxo francês”, como fórmula da longevidade. É que a população francesa consome de forma generalizada vinho tinto, uvas e azeite de oliva.
Já se descobriu que os humanos possuem um gene ligado a longevidade denominado de SIRT 1 e que há polifenóis que o potencializam. Entre eles, o mais potente, é o resveratrol. Tai a explicação do “paradoxo francês”, fenômeno real e indiscutível.
A Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul vendeu ao Eurofarma duas patentes para produzir um medicamento contra o envelhecimento, que tem como base o resveratrol. Uma pesquisa da Saúde Pública de Seattle, EUA, em 1.456 homens, concluiu que para cada copo de vinho ingerido por semana, o risco de câncer de próstata caía 6%.
Bom para o coração, bom pra próstata, bom pra viver mais!
Se for assim, vamos beber vinho!
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