Comentários de Valdez Juval
Relutei antes de voltar a escrever.
Relutei comigo mesmo, lógico, porque vocês pouco me escrevem ou por desinteresse ou por preguiça.
Sei como são essas coisas. Também sou assim.
Não estou reclamando. É o direito de cada um que respeito acima de tudo.
Mas não é somente isso. A cabeça também anda pesada com o cansaço do tempo e ou as intempéries da vida.
E existe o ser inconstante, gostar de ser volúvel.
Daí a inquietude.
Na minha cabeceira, nos últimos dias, Baudelaire.
“Lembro-me mais do que se eu tivesse mil anos.
Um grande contador cheio de antigos planos,
Versos, cartas de amor, autos, literaturas,
Um cacho de cabelo enrolado em facturas,
Não tem segredos como meu cérebro inquieto...”
Para todos, FELIZ ANO NOVO. (sempre é tempo...)
O passarinho azul
cronica de VALDEZ JUVAL
A portinha da gaiola amanheceu aberta e o inquilino que ali morava foi embora. Não deixou bilhete, não pagou o aluguél, não deu satisfação a ninguém.
Só poderia estar muito feliz!
Naquela casa, porém, era grande o alvoroço.
Gritavam, choravam, resmungavam. Queriam descobrir quem cometera tamanha “violência”.
E o “malvado” não se denunciava.
Era de se imaginar a nova vida daquela ave ganhando a liberdade, sentindo o prazer de viver. Possivelmente já encontrara companheiros, saboreando os frutos, os insetos, as folhas que a natureza lhes dava por alimento.
Estava aprendendo com eles.
Aproveitava o espaço infinito que tinha a seu redor, voando, pulando, cantando.
Tudo era diferente, maravilhoso.
Era mais uma ave a inspirar os poetas.
Somente agora percebo uma gaiola na varanda. Dentro, um minúsculo passarinho de isopor, adornando a moradia.
Lembrei-me do passarinho azul que ajudei a fugir.
Brasil, Janeiro, 2010
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